Fechares e abrires

Na última comunicaçom que fizemos, lá no mês de agosto, partilhávamos o momento que nos atravessava. Fim de curso, fim de ciclo. Nom sabia eu que esse cambio de etapa seria muito mais profundo e intenso.

Nom só refere ao fim de umha convivência, a um cambio de morada, ao fim de curso. Trata-se do fecho de um período vital e também da primeira colheita completa de Biodanza Cheia de Vida.

Começamos a nossa andadura a finais do 2018, entramos com força no curso 2019-2020 e nesse ano tivemos que dançar àquilo que a vida nos trouxe como civilizaçom. Ainda que nesse tempo fum recolhendo e agradecendo o frutificado, sinto que nesta altura sim que podo visualizar o primeiro ciclo desta planta-projeto de forma mais inteira.

Também sinto que estou vivindo o fim dum ciclo como facilitadora novel. Passarom quatro anos desde que comecei a facilitar espaços de Biodanza, dois desde que concluim a formaçom. No mês de julho, participei num módulo da Escola Hispánica, instituiçom na que me formei, e finalmente se me fixo a entrega do título oficial. À primeira vida um mero trâmite formal, mais que para mim, ao reflexionar sobre o caminho andado, tem um sentido ritualístico, iniciático.

Saber fechar os ciclos é unha arte. Diz-se que algo próprio do tempo histórico que vivimos é que nos desprendemos dos ritos e portanto, da possibilidade de crescer e amadurecer emocionalmente. Os ritos de cambio de etapa vital representam essa entrada no labirinto, essa viagem heróica da que podemos sair fortalecides, renascides.

Um momento iniciático é também um momento de morte, de luto pelo que já nom é, polo que já nom está. Resignificar a morte como umha parceira da vida parece-me algo fundamental e transcendente. Algo que sinto a necessidade de incorporar muito mais na minha vida, na minha labor como facilitadora e no próprio movimento Biodanza. Falamos muito da vida e do vivinte, mais a vida caminha, dança, da mam da morte.

Essas reflexons estam mui ativas desde o mês de setembro, porque todos os cambios que relato estiverom unidos a acompanhar na enfermidade e na morte. Umha das experiências mais profundas e ricas, também dolorosa, que vivi. Mas que sinto que nom teria sido o mesmo, nem para mim nem para as pessoas que acompanhei, de nom ter ao dispôr as ferramentas, os significados e o estar que brinda a perspectiva biocêntrica.

Por isso quero deixar-te este vídeo com um conto que ilustra lindamente essa parceria vida-morte em eterna dança cíclica. E que a mim ajudou-me a sair de alguns labirintos…

“Soy la muerte”, conto de Eliasabeth Helland Larsen ilustrado por Marine Schneider.