Novos frutos: celebra, agasalha Biodanza

Nas antigas tradiçons pagans europeas o mês de agosto iniciava-se com a festividade Lamas ou Lughnasadh, um tributo às primeiras colheitas e à abundância. Umha jornada para festejar, oferecer e compartir.

Iniciamos esta nova xeira, partilhando duas novas possibilidades para para desfrutar (ou brindar desfrute a quem estimas) da Biodanza. E o fazemos inspiradas por duas potentes artistas que trabalharam os vínculos entre a dança e a vida: María Fux e Martha Graham.

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Último obradoiro do curso: para mover-nos cara o bomtrato

Com o solstício de verám o ciclo deste curso vai chegando ao fim….

E ainda que num princípio as aulas regulares em Compostela seguirám durante o mês de julho, rematamos a temporada de obradoiros monográficos cum broche de ouro. Dispondo os nossos corpos para o bomtrato, o bem estar e o prazer de viver e de relacionarmo-nos de forma equilibrada e plena.

O próximo sábado 2 de julho viajaremos até Vigo para estar ao cuidado dum espaço para trabalhar a relaçom entre o bomtrato e a saúde, incidindo na importância das práticas de autocuidado e na conexom com o corpo e as emoçons para o bem estar e a autonomia.

Buscamos afiançar a nossa autoestima nutrindo-nos de vivências de vitalidade, afetividade e criatividade que possibiliten reescrever o nosso argumento existencial desde o bomtrato e o gozo de viver.

Faremo-lo num projeto do que estou namorada e que sinto, em si, como um exemplo de projeto de bomtrato. A Cooperativa A Morada possibilita às mulheres um espaço de encontro, partilha, desfrute, lazer, acompanhamento e crescimento, em comunidade e desde o paradigma dos cuidados no centro.

Se te ressoa e queres apuntar-te basta premer aqui ou 📞 ao 613 047 626.

Como sempre, há mecanismos de acessibilidade para economias precarizadas.

A foto que ilustra este cartaz é da amora Dani Bento.

Novo obradoiro vivencial: Polinizar o bomtrato

Com a primavera chega o momento de espalhar sementes. Sementes de vivências e práticas que façam medrar o bom trato nos nossos vínculos. Que façam brotar novas formas de estar e de relacionar-nos mais afetivas, equilibradas e prazenteiras.

Este obradoiro está formado por três encontros nos que combinaremos a reflexom coletiva e a partilha de experiências com outra puramente vivencial. Para a primeira parte, empregaremos metodologias da educaçom popular feminista e da educaçom biocêntrica. Já para a segunda nos apoiaremos na Biodanza para levar novas vivências, sentires, intuiçons, desejos e possibilidades às nossas células, mediante a música, o movimento e o poder do grupo como matriz de aprendizagem.

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Um espaço semanal para encher as nossas vidas de mais vida

Biodanza, enquanto sistema de integraçom, reaprendizagem afetiva e reconexom com a vida, atua desde um paradigma progressivo e evolucionário.

Que quer dizer isso? Que o processo de transformaçom e crescimento que suscitamos dá-se de umha maneira paulatina, acompassado ao ritmo do grupo e de cada integrante. Buscamos deflagrar vivências integradoras, isto é, que tenham o potencial de unir àquilo que permanecia disgragado, oferencendo umha resignificaçom existencial para quem as experimenta. Isto requer tempo e constância de modo a que cada participante poida ir assimilando e integrando os conteúdos vivenciais de forma orgânica, amável.

Por isso é importantíssimo o trabalho que se realiza de forma regular nas sessons semanais de Biodanza. Ainda que um obradoiro puntual poida despertar potenciais e brindar-nos vivências valiosas, é no grupo regular onde podemos realmente emprender umha viagem de autoconhecimento. É onde se desenvolve a autêntica arte do viver que propomos em Biodanza.

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Recuperar o sentir para ser em plenitude

“Consciência é, especialmente, sentir.” Nere Miranda

Num mundo que prioriza o “ter” e o “aparentar”, queremos reivindicar a potência da sensibilidade para reforçar e iluminar a nossa identidade.

Acreditamos que o sentir é umha via de autoconhecimento e de relacionar-nos com as demais pessoas e com o mundo desde a autenticidade.

A conexom com as nossas marés internas, com o que sentimos e precisamos em cada momento, oferece-nos umha forma de estar na vida mais íntegra, presente e enraizada. Conectamos com a vida através do corpo e os sentidos. Recuperar a capacidade de sentir é reapropriar-nos da liberdade de ser e expressar-nos em plenitude.

Esta é a proposta para a primeira sessom deste ano. Porque vivemos demasiado no pensar. É chegado o tempo de assumir-nos e expressar-nos desde o sentir.

Vagas limitadas. Imprescindível inscriçom prévia.

Achega econômica: 12€ . Se estás em situaçom de precariedade ou habitas umha identidade nas margens, consulta sobre facilidades as de acesso. Nos nossos espaços ninguém deixa de participar por cuartos.

Novas possibilidades de ser e de viver

Yásnaya Aguilar, desde terras mixe ao norte de Oaxaca, conta que o seu tataravó, antes de morrer dunha epidemia desconhecida que concorria com altas febres e que ficou conhecida como jëën pä’äm, a enfermidade do fogo, legou-nos ao futuro umha história1. Umha história real, umha história da que aprender.

Ao tataravó lhe contarom de neno que durante umha grande epidemia que assolara essa regiom, umha das famílias decidiu que a melhor maneira de frear o contágio era escapar a um lugar remoto levando consigo todo o milho e alimentos disponíveis. O que escapou do seu razoamento é que levarom consigo, ademais dos alimentos roubados à comunidade, a enfermidade. Quando esta fêz-se presente com as suas febres de fogo, todos os membros da família escapista pereceram sem receber ajuda. Nom houve quem lhes puidera achegar água fresca para baixar a febre ou quem lhes confortasse nas horas finais. Mesmo nom tiverom quem puidera dar-lhe sepultura umha vez realizada a última viagem. Polo que o anciao, o tataravó de Yásnaya, antes de morrer advertiu às geraçons futuras: non vos enganedes, nom caiades nessa mentira. O bem individual depende do bem coletivo.

Atopamo-nos no fim de outro ano marcado pola pandemia. Preocupa-me o feito de que além de novas variantes do vírus, o que se espalha é umha maneira de estar na vida marcada pola distância, polo individualismo, por tentar salvar-se cada quem pola sua conta. Som tantas mensagens e tamanho o apelo a fortalecer essa forma de ser, que as vezes faz-se-me difícil escapar dela, depurá-la.

Por isso, num momento histórico tam convulso, beber da sabedoria dos povos originários, que passarom já por tantas calamidades e epidemias e continuam avida, nom só a das suas comunidades senom a vida dos bens naturais que nos rodeiam, é para mim antídoto e medicina.

Na práticas e saberes das comunidades ancestrais está a raíz do princípio biocêntrico. A vida segue o seu curso e dita as suas próprias leis. Umha delas é a da interdependência. Necessitamo-nos.

O abraço segue a ser umhas das formais efetivas de manter o nosso sistema imune ativo. A co-escuta compassiva desde sempre ajuda a calmar as nossas angústias. Mover-nos ao som dumha música alegre desperta sensaçons de esperança e de leveza. Brindar-nos apoio segue a ser umha das maneiras mais autênticas de dar significado à nossa existência. Construir projetos comuns, por mais pequenos que sejam, faz-nos mais fortes.

Desejo que neste novo ano poidas seguir explorando outras formas de ser e de (com) viver que te situem no caminho dumha vida com significado, com plenitude. Com abundância de afetos e abraços. Com a alegria serena de partilhar o que se tem. Com motivaçons profundas para seguir na tua travessia e num caminho comum cara a justiça social e a felicidade humana.

Que a janela da vida esteja aberta para ti neste 2022. Que te mostre cada dia que fora temos muito do que aprender e desfrutar. Que a natureza te inspire.

E que esta cançom te dê alento e guiança: Seres Extraños – Perotá Chingó

1Esta historia está belamente narrada no texto “ Jëën pä’äm, la enfermedad del fuego” que forma parte del libro “Todo los que nos queda es (el) ahora, textos com corazón y dignidad sobre la pandemia de nuestro tiempo”. VVAA, editado por La Reci.

Fechares e abrires

Na última comunicaçom que fizemos, lá no mês de agosto, partilhávamos o momento que nos atravessava. Fim de curso, fim de ciclo. Nom sabia eu que esse cambio de etapa seria muito mais profundo e intenso.

Nom só refere ao fim de umha convivência, a um cambio de morada, ao fim de curso. Trata-se do fecho de um período vital e também da primeira colheita completa de Biodanza Cheia de Vida.

Começamos a nossa andadura a finais do 2018, entramos com força no curso 2019-2020 e nesse ano tivemos que dançar àquilo que a vida nos trouxe como civilizaçom. Ainda que nesse tempo fum recolhendo e agradecendo o frutificado, sinto que nesta altura sim que podo visualizar o primeiro ciclo desta planta-projeto de forma mais inteira.

Também sinto que estou vivindo o fim dum ciclo como facilitadora novel. Passarom quatro anos desde que comecei a facilitar espaços de Biodanza, dois desde que concluim a formaçom. No mês de julho, participei num módulo da Escola Hispánica, instituiçom na que me formei, e finalmente se me fixo a entrega do título oficial. À primeira vida um mero trâmite formal, mais que para mim, ao reflexionar sobre o caminho andado, tem um sentido ritualístico, iniciático.

Saber fechar os ciclos é unha arte. Diz-se que algo próprio do tempo histórico que vivimos é que nos desprendemos dos ritos e portanto, da possibilidade de crescer e amadurecer emocionalmente. Os ritos de cambio de etapa vital representam essa entrada no labirinto, essa viagem heróica da que podemos sair fortalecides, renascides.

Um momento iniciático é também um momento de morte, de luto pelo que já nom é, polo que já nom está. Resignificar a morte como umha parceira da vida parece-me algo fundamental e transcendente. Algo que sinto a necessidade de incorporar muito mais na minha vida, na minha labor como facilitadora e no próprio movimento Biodanza. Falamos muito da vida e do vivinte, mais a vida caminha, dança, da mam da morte.

Essas reflexons estam mui ativas desde o mês de setembro, porque todos os cambios que relato estiverom unidos a acompanhar na enfermidade e na morte. Umha das experiências mais profundas e ricas, também dolorosa, que vivi. Mas que sinto que nom teria sido o mesmo, nem para mim nem para as pessoas que acompanhei, de nom ter ao dispôr as ferramentas, os significados e o estar que brinda a perspectiva biocêntrica.

Por isso quero deixar-te este vídeo com um conto que ilustra lindamente essa parceria vida-morte em eterna dança cíclica. E que a mim ajudou-me a sair de alguns labirintos…

“Soy la muerte”, conto de Eliasabeth Helland Larsen ilustrado por Marine Schneider.