Muito se fala de cuidados e autocuidados. Mas como podemos sementar estas práticas no quotidiano quando à nossa volta imperam os ritmos acelerados, a desconexom com os sentires, o anestesiamento do corpo, os automatismos, a preponderância do externo frente ao interno, o esfarelamento dos vínculos? Como fazê-lo sem companhia que acolha e fortaleça, que sustente e que nos faga avançar? Sem a tribo?
É com muita alegria que voltamos a oferecer esta proposta com a que recolhemos tam bons frutos no 2021!
Em outubro e novembro desenvolvemos o projeto piloto deste programa. Tam potente foi a experiência que instigou-me a seguir investigando e integrando vivências, intuiçons, descubrimentos.
Desse processo brotou a segunda xeira de Voltar a Ser Corpo. Desta volta, para abordar três aspectos chave para desprender-nos de patróns patriarcais e ir integrando outra forma de estar no mundo.
Sou o meu corpo na medida em que o sinto, em que o vivo.
Sou um corpo que palpita, que suspira, que se expande e se contrai. Que se rompe, mas que também se regenera. Que conta, muda, atreve-se, agita-se. Que acolhe. Que inspira.
Sentes que te custa aterrisar, baixar da nuvem de pensamentos? Tens dificuldades para conectar com o teu corpo e as tuas emoçons? Acostumas estar mais pendente das demandas externas do que àquilo que necessitas?
Se algumha dessas perguntas ressoarom-te, pode que esta atividade seja para ti. Pode que seja o momento de abrir-te à sensibilidade.
“Reconhecer o poder do erótico em nossas vidas pode dar-nos a energia necessária pra fazer mudanças genuínas no mundo.” Num dos seus ensaios mais conhecidos, Audre Lorde fala do erótico como umha fonte de conhecimento e poder.
Exercitar-se no pracer é (re)descubrir o caminho que nos leva a ganhar poder sobre nós. Estar en conexión com os nossos desejos e necessidades. Identificar àquilo que me faz bem e tomar decisons a partir desse conhecimento.
Viver desde o prazer também supom interagir de outra maneira com o mundo, saboreando as pequenas (e grandes) ledicias que a vida nos ofrece cada dia.
“… y llegará el instante en el que mires el mapa y el lugar seas tú.” Èlia Farrero
Como som os lugares nos que me sinto confortável, em segurança e cuidade? Dou-me permisso para passear polas minhas paisagens internas? Por quais territórios transito e quais permanecem desconhecidos? Como estou a viver a mingua dos espaços coletivos de encontro e partilha desde que se instalou a pandemia nas nossas vidas?
Navegar por estas e outras perguntas para descubrir através do corpo e da vivência possíveis rotas que nos ajudem a seguir construindo o nosso mapa dos (auto)cuidados. Este é o convite da segunda sessom de Tribalizando, dirigida a exploraçom do papel dos espaços para os (auto)cuidados.
Na antiga Grecia empregavam-se duas palavras para nomear o tempo. Cronos e kairos representavam diferentes formas de entendê-lo. Assim, o primeiro refere-se ao tempo cronológico ou lineal, enquanto que o segundo é subjetivo e remete ao tempo oportuno. O instante propício, preciso e presente. O momento vivenciado.
Começamos esta viagem polos (auto)cuidados abordando algo tam crucial como a vivência do tempo. Umha dimensom essencial para o autocuidado, na medida em que nos convida a focalizar no aqui-agora e desde ai ser capazes de entregar-nos ao poder regenerador do desfrute.
Tencionar é um potente motor para a realizaçom do que desejamos. É claro que nom basta com desejar. Há estruturas e fatores que condicionam o devir dos acontecimentos e as oportunidade de concretizaçom, mais ainda para quem pertence a grupos vulnerabilizados. Nom reconhecê-lo seria desentender-nos dos privilégios que nos forom outorgados.
Ainda assim, viajar ao nosso espaço íntimo para escutar àquilo que realmente queremos e conectar com as nossas autênticas motivaçons existenciais alimenta o processo de crescimento pessoal. Ajuda a realizar mudanças nas nossas vidas por mais pequenas que sejam. Impulsam o nosso caminhar.
Para que este movimento seja potente e vigoroso oferecemos este espaço de iluminaçom da vitalidade pois dela depende cultivar as nossas intençons.